Consequências e riscos de não realizar o inventário de um imóvel

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Você já ouviu falar sobre a importância de fazer o inventário de um imóvel após o falecimento de alguém? Parece complicado, mas entender esse processo pode evitar muitos problemas no futuro.

Vamos lhe mostrar de forma simples e clara o que pode acontecer se você deixar de lado essa tarefa essencial. Continue lendo para aprender sobre os riscos e como proteger o patrimônio da sua família.

O que é um inventário?

Após o falecimento de uma pessoa, é necessário proceder à apuração dos bens, direitos e dívidas deixados pelo falecido. Todo o patrimônio do falecido, incluindo direitos e dívidas, torna-se uma única entidade. O inventário é o instrumento utilizado para formalizar a divisão e a transferência desses bens aos herdeiros. Esse processo pode ser realizado de forma judicial ou extrajudicial.

O inventário extrajudicial é realizado em cartório e ocorre quando há concordância entre todos os herdeiros. Esse tipo de inventário é permitido desde que todos os herdeiros sejam capazes (incapazes são os menores de idade ou pessoas sob curatela); caso contrário, o inventário deve ser feito de forma judicial.

Havendo desacordo entre os herdeiros, restará a via do inventário judicial.

Houve época em que a existência de testamento impedia a realização de inventário extrajudicial, mas isto já está superado. Estando presentes os requisitos mencionados acima, o procedimento pode ser feito em cartório.

Após o falecimento de alguém, o inventário deve ser aberto no prazo máximo de 60 dias. Esse prazo aplica-se tanto para a abertura do inventário judicial quanto do extrajudicial.

Do foro competente

Quando feito de forma judicial, o inventário deve ser aberto no local do último domicílio do falecido, também chamado “de cujus”. Se o falecido tinha mais de um domicílio, a competência será do último domicílio, conforme estabelecido pela lei.

Caso o falecido não tivesse um domicílio fixo, a competência será do local onde estão situados os bens. Se o falecido não possuía um domicílio certo e tinha bens em locais diferentes, o inventário deverá ser ajuizado no local onde ocorreu o óbito.

A escolha do foro competente é fundamental para a validade do processo e para garantir que a partilha dos bens ocorra de maneira legal e ordenada.

Na hipótese de ser feito de forma extrajudicial, e lembrando que, para isto, a premissa básica é existir consenso entre as pessoas envolvidas, podem elas escolher livremente o cartório no qual será elaborada a escritura de inventário.

Problemas legais

Não realizar o inventário pode levar a uma série de problemas legais.

Sabemos que o momento é extremamente doloroso e que a família pode demorar algum tempo para tomar a iniciativa de abrir o processo de inventário. No entanto, a demora pode acarretar consequências significativas para os herdeiros. Vamos abordar alguns riscos da não abertura do inventário no prazo estabelecido.

  1. Multa

A não abertura do inventário no prazo de 60 dias resulta em multas sobre o ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação). Esse imposto deve ser pago por conta da transmissão de bens, e a multa varia de estado para estado, mas geralmente é de 10% sobre o valor do imposto e pode chegar a 20%, a depender do tempo de atraso.

  1. Herdeiro não é proprietário até o fim do inventário

O inventário é necessário para a transmissão oficial do patrimônio. Até a conclusão do inventário, os herdeiros não são considerados proprietários dos bens. Isso pode impedir o recebimento de aluguéis de imóveis e complicar a venda de bens.

  1. Dificuldade na venda de imóveis

Enquanto o inventário está em andamento, é possível solicitar autorização judicial para vender um imóvel. Se o inventário não for aberto, a venda deve ser feita por cessão onerosa de direitos hereditários, o que implica na venda dos direitos de posse por um valor menor que o de mercado, e o comprador terá que aguardar a finalização do inventário para registrar o imóvel em seu nome.

  1. Riscos adicionais

Além das multas e complicações com a venda de imóveis, a demora na abertura do inventário pode causar desentendimentos entre herdeiros e dificuldades na administração dos bens deixados.

Conflitos familiares

A ausência de um inventário pode, de fato, desencadear conflitos familiares significativos. Quando não há um procedimento legal e transparente para a distribuição dos bens de um falecido, as disputas entre os herdeiros podem se tornar inevitáveis.

As discussões sobre quem tem direito a quê frequentemente criam tensões e podem prejudicar os relacionamentos familiares. A falta de clareza sobre a divisão dos ativos pode levar a mal-entendidos e ressentimentos duradouros.

Além disso, quando não há testamento, a distribuição dos bens segue as regras da lei, que podem não refletir os desejos específicos do falecido. Isso pode agravar ainda mais as brigas e insatisfações entre os herdeiros, especialmente se houver diferenças de opinião sobre como os ativos devem ser divididos.

Para evitar esses problemas, é fundamental que as famílias estabeleçam um inventário detalhado e legalmente válido. Isso ajudará a garantir que os bens sejam distribuídos de acordo com a vontade do falecido e minimizará os conflitos entre os herdeiros. 

Dicas para realizar o inventário

Agora que você entende alguns dos riscos de não realizar o inventário, vamos falar sobre como você pode fazer isso. Aqui estão algumas dicas simples:

  1. Consulte um advogado especializado

Busque um advogado com experiência em direito de família e sucessões. Esse profissional pode orientar todo o processo, explicar os passos necessários e garantir que tudo seja feito corretamente.

  1. Reúna os documentos necessários

Junte todos os documentos relacionados ao falecido, como certidões de óbito, documentos do imóvel, contas bancárias e outros bens. Essa documentação será fundamental para o inventário.

  1. Considere fazer um testamento

Pense em fazer um testamento, isso facilitará o processo de inventário para seus herdeiros no futuro, pois suas vontades estarão formalmente registradas.

  1. Atenção aos impostos

Certifique-se de pagar todos os impostos devidos durante o processo de inventário. Isso evitará multas e juros, além de garantir a regularidade fiscal.

  1. Mantenha o diálogo com os outros herdeiros

Durante o processo, mantenha a calma e busque resolver eventuais conflitos de forma amigável com os demais herdeiros. O diálogo é essencial para evitar desentendimentos e garantir que todos sejam tratados de maneira justa.

Lembre-se de que cada caso pode ter particularidades. Por isso, é importante contar com a ajuda de um profissional especializado. Assim, você protege o patrimônio da sua família e assegura que tudo seja feito conforme a lei.

Antoin A. Khalil possui graduação, mestrado e doutorado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Acumula mais de 30 anos de experiência na advocacia, com concentração em Direito de Família e Sucessões. Capacitado em técnicas de mediação e conciliação, apresenta perfil colaborativo.

 

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